"Especialistas explicam os riscos do consumo de carnes processadas, como presunto e salsicha, e sua relação com o câncer e outros problemas de saúde."
As carnes processadas, como presunto, salsicha, linguiça, bacon, salame e peito de peru, podem ser irresistíveis para muitas pessoas, especialmente em momentos de celebração ou no dia a dia. No entanto, os impactos dessas escolhas alimentares para a saúde são alarmantes. A praticidade e o sabor desses alimentos escondem perigos que, segundo especialistas, podem trazer graves consequências para o organismo, incluindo o aumento do risco de câncer.
Para entender melhor esses riscos, consultamos dois especialistas na área: o gastroenterologista Bernardo Oliveira, do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, e a médica Laura Mocellin, pós-graduada em nutrologia e atuante no Instituto Nutrindo Ideais, em São Paulo. Ambos destacam a necessidade de moderação e conscientização sobre o consumo desses alimentos.
O que são carnes processadas?
Carnes processadas são aquelas que passaram por algum tipo de tratamento para prolongar sua vida útil ou melhorar o sabor. Isso inclui métodos como defumação, salga, fermentação ou adição de conservantes. Alguns exemplos comuns são o presunto, a salsicha, o bacon, a carne de sol e o salame.
Esses alimentos costumam ser populares por serem convenientes e saborosos, mas os processos pelos quais passam para alcançar essas características podem torná-los nocivos à saúde. De acordo com os especialistas, o problema está nas substâncias químicas adicionadas ou formadas durante o processamento.
Nitritos e os perigos ocultos
A médica Laura Mocellin explica que as carnes processadas são ricas em nitritos, compostos adicionados para conservar a carne e dar a ela sua cor característica. Embora os nitritos sejam eficazes em prevenir a deterioração dos alimentos, eles também estão associados a riscos significativos para a saúde. Esses compostos, ao serem ingeridos, podem se transformar em nitrosaminas, que têm um efeito potencialmente cancerígeno, alerta Laura.
Estudos já relacionaram o consumo de carnes processadas a um risco maior de desenvolver câncer, especialmente os cânceres de intestino, mama e próstata. O consumo regular desses alimentos pode ter um impacto acumulativo, aumentando a exposição a esses compostos prejudiciais, completa a especialista.
Aminas heterocíclicas e hidrocarbonetos: substâncias cancerígenas
O gastroenterologista Bernardo Oliveira complementa a explicação, afirmando que durante o preparo de carnes processadas e embutidas, como presunto e carne de sol, são formadas substâncias chamadas aminas heterocíclicas e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. Essas substâncias se formam especialmente quando a carne é grelhada, assada ou defumada, afirma.
Esses compostos são conhecidos por serem cancerígenos, ou seja, podem danificar o DNA das células e aumentar o risco de desenvolvimento de câncer, principalmente no intestino. Quanto maior for o consumo desse tipo de carne, maior a relação com o câncer de intestino, reforça o médico.
O impacto no DNA e no estresse oxidativo
Laura Mocellin ainda pontua que as aminas heterocíclicas formadas durante o preparo de carnes em altas temperaturas podem provocar estresse oxidativo no corpo. Esse estresse ocorre quando há um desequilíbrio entre a produção de radicais livres e a capacidade do organismo de neutralizá-los, o que pode levar a danos ao DNA.
O estresse oxidativo é um dos fatores que contribuem para o envelhecimento precoce e para o desenvolvimento de diversas doenças crônicas, incluindo câncer. Os danos ao DNA causados pelo consumo regular dessas carnes processadas podem ser irreversíveis, por isso é importante minimizar sua ingestão, alerta a médica.
Consumo moderado é a chave
Embora os especialistas apontem os perigos das carnes processadas, ambos concordam que o consumo ocasional, em pequenas quantidades, não deve ser motivo de pânico. O problema, segundo eles, está no consumo frequente e em grandes porções, o que pode elevar significativamente o risco de problemas de saúde.
A moderação é fundamental, diz Bernardo Oliveira. Se você gosta de carnes processadas, é importante entender que elas não devem ser uma escolha diária. A preferência deve ser por carnes frescas e magras, preparadas de forma mais saudável, como cozidas ou assadas sem o uso de altas temperaturas, recomenda.
Substituições saudáveis
Uma das formas de reduzir o consumo de carnes processadas é buscar alternativas mais saudáveis e nutritivas. Laura Mocellin sugere algumas substituições simples que podem ajudar a manter a dieta equilibrada e reduzir os riscos à saúde. Opte por carnes frescas e magras, como frango ou peixe, que podem ser temperados com ervas e especiarias naturais, em vez de depender dos alimentos industrializados, sugere.
Outra dica é aumentar a ingestão de proteínas vegetais, como feijão, lentilha e grão-de-bico, que oferecem benefícios à saúde e ajudam a diversificar a alimentação. Essas leguminosas são ricas em fibras, que auxiliam no funcionamento do intestino e ajudam a reduzir o risco de câncer, explica a médica.
Conclusão
O consumo de carnes processadas pode ser conveniente e saboroso, mas os riscos associados à ingestão frequente desses alimentos são preocupantes. Os especialistas alertam para a presença de compostos como nitritos, aminas heterocíclicas e hidrocarbonetos, que podem ser cancerígenos e prejudiciais à saúde a longo prazo. A moderação e a busca por alternativas mais saudáveis são passos importantes para garantir uma dieta equilibrada e reduzir os riscos de doenças graves.
A informação é uma ferramenta poderosa para fazer escolhas alimentares conscientes. Ao conhecer os impactos do consumo excessivo de carnes processadas, é possível adotar hábitos mais saudáveis e proteger a saúde a longo prazo.
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